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quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Formação fortalece oferta da educação indígena no Paraná.



Professores indígenas que atuam nas 37 escolas guarani, xetá e caingangue da rede estadual de ensino iniciaram nesta terça-feira (4), em Curitiba, cursos de formação continuada para fortalecer as metodologias de ensino indígena no Estado. O encontro “A Educação Escolar Indígena: Diferenciada, Intelectual e Bilíngue”, vai até esta sexta-feira (7).

Nesses quatro dias, os professores vão debater questões relacionadas ao ensino bilíngue, avaliação, formação continuada, organização do tempo e espaço, interculturalidade e práticas pedagógicas.

A formação será dividida em duas etapas. Nesta semana participam profissionais que atuam nas escolas pertencentes aos Núcleos Regionais de Educação de Curitiba, Área Metropolitana Norte, Paranaguá, Cornélio Procópio, Ibaiti, Jacarezinho, Londrina e Telêmaco Borba. Entre os dias 18 e 21 será a vez dos docentes das escolas dos Núcleos de Educação de Foz do Iguaçu, Toledo, Laranjeiras do Sul, Guarapuava, Irati, Ivaiporã e Pato Branco.

O encontro faz parte do item três do programa Minha Escola Tem Ação (Meta), da Secretaria de Estado da Educação, que prevê a oferta de cursos para a formação continuada aos profissionais da educação aliados aos planos de ação da pasta. A formação conta para avanço no plano de carreira dos funcionários. “Reunimos profissionais que trabalham com a educação indígena com o objetivo de fortalecer a oferta da educação a essas comunidades respeitando suas características. É assim que construímos a escola que queremos, um espaço acolhedor que atende e respeita as diferenças do nosso estado”, destacou a superintendente da Educação, Fabiana Campos.

A cacique Andréia Takua Fernandes, da comunidade Tupã Nhe Ekretã, de Morretes, no Litoral, lembrou que os cursos vão melhorar o ensino bilíngue nas escolas indígenas, principalmente naquelas que atendem índios de diferentes etnias. “Vai melhorar a oferta da educação indígena porque os professores terão a oportunidade de aprender e ensinar mais e melhor. Quando compartilhamos experiências, fortalecemos também os laços educacionais entre as comunidades”, disse Andréia.

O professor da Escola Estadual Indígena Emília Jera Poty, Florêncio Rekagy Fernandes, é o primeiro professor indígena do Paraná a concluir o curso de mestrado. Para Florêncio que pesquisou a formação de professores indígenas, o encontro vai proporcionar aos docentes novas ferramentas e metodologias. “Os professores vão voltar com novos conhecimentos para suas escolas que serão aplicados em sala de aula e isso vai garantir a educação de qualidade aos nossos estudantes”, disse.

REFERÊNCIA NACIONAL – Segundo o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção às Comunidades Indígenas do Ministério Público do Paraná, Luiz Eduardo Canto de Azevedo, o Estado do Paraná é referência para o resto do país devido às recentes conquistas na área da educação indígena. “Hoje o Paraná é referência para o Brasil porque, além de garantir a educação aos povos indígenas, mantém a educação bilíngue, respeitando a diversidade e cultura de cada etnia”, ressaltou Canto.

O procurador Olympio de Sá Sotto Maior Neto, coordenador de Direitos Humanos do MP-PR, reforçou que fomentar a educação indígena é garantir a cidadania a essas comunidades. “O que estamos iniciando hoje é um exercício importante de cidadania porque estamos garantindo o acesso à educação aos povos indígenas e com isso preservando suas culturas e existência”, disse.

AVANÇOS – Nos últimos cinco anos, as comunidades guarani, xetá e caingangue que vivem no Paraná tiveram importantes avanços na área da educação, que garantem a qualidade do ensino e reforçam a cultura e história desses povos. Entre as principais ações está a ampliação do número de docentes indígenas na rede estadual de ensino. Em 2011, havia 31 docentes indígenas na rede estadual. Hoje, são 257 profissionais que lecionam na educação infantil nas 37 escolas indígenas do Paraná, beneficiando aproximadamente 5 mil alunos.

Além de cuidar do quadro de professores, o governo estadual também trabalha para garantir aos estudantes escolas adequadas à necessidade e à cultura de cada etnia. Já foram entregues 13 novas unidades. 

Elas contam com material didático produzido pela Secretaria da Educação nas línguas guarani, caingangue e português para ajudar na alfabetização dos alunos, reforçar o uso das línguas maternas e manter viva a cultura linguista dentro dessas comunidades.

A cultura alimentar também recebe atenção especial. As escolas indígenas recebem alimentos provenientes da agricultura familiar que permitem que as merendeiras, que são indígenas, acrescentem receitas próprias da etnia ao cardápio da merenda, o que torna a alimentação dos alunos mais rica e próxima aos costumes das comunidades guarani, xetá e caingangue.

Em 2013, a Secretaria da Educação também diplomou a primeira turma indígena de técnicos em Agropecuária. A oferta do curso, inédito no Sul do Brasil, possibilitou a formação técnica gratuita para 17 estudantes de 16 municípios de diferentes regiões. Esses profissionais atuam em suas comunidades.

INÉDITO – Em fevereiro do ano que vem a comunidade indígena paranaense terá uma nova conquista na área da educação, com o início das aulas no Centro Estadual de Educação Profissional de Manoel Ribas, no município de mesmo nome. 

A nova escola técnica é pioneira na região Sul, por oferecer formação técnica específica para os povos indígenas. O investimento de R$ 7 milhões é resultado da parceria entre o Governo do Estado e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.





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