Além de complementar a alimentação de 118 mil crianças que recebem gratuitamente um litro de leite enriquecido por dia em todo o Paraná, o programa Leite das Crianças é um dos grandes responsáveis por fomentar a pecuária leiteira no Estado. Hoje, são 5,1 mil produtores beneficiados por meio da participação de 40 usinas. Em média, mais de metade da produção mensal delas é destinada ao programa.
O Paraná passou de terceiro para segundo maior produtor de leite do Brasil, de acordo com dados divulgados em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes à 2018, quando foram produzidos 4,4 bilhões de litros. O número confirma o esforço dos produtores paranaenses e das cooperativas, que têm investido em tecnologia e na qualidade do leite.
De acordo com o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o programa é mais um dos fatores que colaboram para a permanência dos pecuaristas nessa atividade, proporcionando pagamento diferenciado e demanda assegurada mensalmente. “Estamos fortalecendo especialmente as pequenas propriedades, contribuindo para o desenvolvimento da cadeia leiteira do Estado e agregando valor à produção”, destaca Ortigara.
A expectativa agora é potencializar a adesão de produtores. No ano passado foram assinados aditivos de prazo com os fornecedores que garantem o atendimento até março de 2020. “Em breve será aberto um novo edital de credenciamento para as usinas interessadas no programa”, completa a chefe do Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional da secretaria, Márcia Stolarski.
QUALIDADE – Para manter-se no Leite das Crianças, os produtores precisam passar por uma rígida fiscalização, ter instalações adequadas e realizar procedimentos de acordo com as exigências higiênico-sanitárias. “Isso ajuda a manter um controle mensal rigoroso sobre a qualidade do leite, criando um modelo que beneficia não apenas os usuários, mas grande parte da população paranaense”, diz Ortigara.
No último ano, as normativas nº 76 e n º 77, do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, instituíram mais parâmetros de qualidade, redobrando a atenção dos trabalhadores dessa cadeia.
CRESCIMENTO – No laticínio Ruhban, a adesão em 2003 foi determinante para aumentar a produção e gerar empregos. “Quando conhecemos o programa achamos importante e entramos de imediato”, conta o proprietário, Marcos Bandeira. No início da parceria havia apenas 10 produtores no laticínio. Hoje, são 69, todos da região de Curitiba, além dos empregos indiretos gerados pela distribuição do leite.
Para atender 15 municípios da região com o Leite das Crianças, somente em dezembro de 2019 foram 13 mil litros por dia. “Cerca de 70% da produção do laticínio atende o programa”, disse Bandeira. O restante é destinado ao varejo, com produtos derivados do leite.
O produtor Márcio Jess, de Piraquara, diz que a participação no Leite das Crianças é responsável por mais investimentos na industrialização e geração de empregos na cooperativa para a qual trabalha. Em sua propriedade, Jess tem 40 vacas que produzem 900 litros ao dia, e a meta é dobrar esse volume em 2020. Toda a produção da cooperativa destina-se ao programa.
Segundo ele, o mercado paga, em média, R$ 0,90 por litro para o produtor. Os parceiros do Leite das Crianças recebem de R$ 1,40 a R$ 1,45. “Isso ajuda nas duas pontas. Tem o lado social para as famílias carentes e tem o lado dos produtores, com renda garantida e estabilidade”, afirma o produtor de Piraquara.
HISTÓRIA - O Leite das Crianças foi instituído em maio de 2003 para criar uma rede de proteção alimentar destinada a crianças de seis a 36 meses. Contribui para a prevenção da desnutrição infantil, fomento da bacia leiteira, promoção do desenvolvimento local e geração de renda aos agricultores familiares. Participam diretamente as Secretarias de Estado da Saúde, da Agricultura e do Abastecimento, da Educação, e da Justiça, Família e Trabalho.
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