Relatório divulgado nesta quinta-feira (20) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, indica melhora no quadro da safra 2019/2020 no Paraná, com o avanço da colheita da soja, do milho e do feijão da primeira safra.
A expectativa de produção de soja, por exemplo, passou de 19,7 milhões de toneladas para 20,4 milhões, um incremento de produtividade de duas sacas a mais por hectare.
Já a perspectiva de produção do milho cresceu de 3,2 milhões de toneladas para 3,3 milhões, o que leva a estimativa total da safra de primavera-verão no Paraná para 24,1 milhões de toneladas numa área de 6 milhões de hectares, produção 22% maior do que o volume colhido no ano passado.
Na avaliação da safra 18/19, confirmou-se a área de milho safrinha em 6% maior. Entretanto, a perspectiva de produção agora é menor que o ano passado, por conta do atraso na semeadura. Assim, por enquanto, a expectativa é de redução na produtividade. “De qualquer forma, elevamos em mais de 50 mil toneladas do que tínhamos divulgado na estimativa de janeiro deste ano, de tal forma que a safra de verão-outono também cresce no Paraná. Assim, sem contar a safra de inverno, a expectativa de safra pode ficar acima de 37 milhões de toneladas”, diz o chefe do Deral, Salatiel Turra.
Segundo o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, caso a safra de inverno ultrapasse dois milhões de toneladas, a produção total de grãos no Paraná neste ano pode atingir 40 milhões de toneladas, valor próximo ao recorde histórico do Estado. “Constatamos um avanço importante e melhora das expectativas de produção, o que é bom para os agricultores. E o câmbio firme favorece o conjunto da economia paranaense”, disse.
SOJA - O levantamento de fevereiro mostra uma produção bem encaminhada e bons preços para a soja. Apesar do atraso no início do plantio, o clima tem colaborado para um melhor desempenho na produtividade, acima da média estimada.
A expectativa de produção é 20,4 milhões de toneladas, valor que, se confirmado, representará maior produção da história do Estado. Até agora, o melhor resultado do Paraná aconteceu na safra 2016/2017, quando foram colhidas 19,9 milhões de toneladas. A produtividade obtida até agora é de 3.819 kg/ha.
A soja paranaense tem 22% da área de 5,5 milhões de hectares colhida, índice um pouco menor do que a média das últimas três safras, que somavam colheita de 27%. “Isso se explica pelo atraso no plantio e consequente atraso na colheita. No entanto, o clima tem contribuído para acelerar esse processo”, diz o economista do Deral, Marcelo Garrido.
Os produtores aproveitam o bom momento das cotações no Paraná, e cerca de 30% da produção estimada está comercializada, valor também acima da média das últimas 3 safras, quando o índice foi de 20%. Nas últimas duas semanas, os preços pagos ao produtor chegaram à média de R$ 77,00 pela saca de 60 kg. Em 2019, esse valor era 12% menor, R$ 69,00.
MILHO PRIMEIRA SAFRA – Estão colhidos aproximadamente 79 mil hectares dos 348 mil plantados no Paraná. Esse volume apresenta produtividade acima do esperado, atingindo quase 9.900 kg/ha. A produção está estimada em 3,3 milhões de toneladas, um ganho de 5% com relação à safra 18/19, apesar da redução 3% na área, que passou de 360,4 mil hectares na safra 18/19 para 348,8 mil hectares nesta safra.
MILHO SEGUNDA SAFRA – O plantio do milho começa a acelerar no Estado com a colheita da soja, atingindo 32% neste mês, com área prevista de 2,2 milhões de hectares. A Região Oeste do Estado, que estava atrasada no plantio, deve normalizar o ritmo até o final do mês. Nesse momento, a produção esperada segue acima de 12 milhões de toneladas. “Mas, para que esse valor se confirme, ainda há um volume significativo de área a ser plantada, podendo sofrer impacto de fatores climáticos”, explica o técnico do Deral, Edmar Gervásio. O volume é 7% menor que o da safra anterior, por causa da redução de área, compensada pela boa produtividade. Assim, ainda não há previsão de perdas.
Os preços do milho continuam num patamar elevado, apesar da leve redução na comparação com o mês de janeiro, ocasionada pela entrada da primeira safra no mercado. Hoje, os preços giram em torno de R$ 39,00 pela saca de 60kg, enquanto que no mesmo período do ano passado o valor era de R$ 30,00, um ganho de 30% na comparação com fevereiro de 2019.
A safra brasileira está estimada em aproximadamente 100 milhões de toneladas, sendo que a região Centro-Oeste colabora com mais da metade desse valor - 54 milhões. Apesar da quebra de um milhão de toneladas no Rio Grande do Sul, outro grande produtor do grão, não há impacto nos preços, porque a produção está semelhante à do ano passado.
A comercialização está em 11%, valor positivo e pouco comum para o milho, que tradicionalmente tem um índice baixo. Isso sinaliza que o produtor, assim como no caso da soja, está aproveitando os preços favoráveis, que estão acima de R$ 30,00 nos contratos futuros.
FEIJÃO PRIMEIRA SAFRA - A colheita da primeira safra de feijão termina nesta semana. Até o momento, a estimativa da área reduziu 6% em relação à safra 18/19, mas a produção é 29% superior, com acréscimo de 72 mil toneladas. A produtividade, de 2.096 kg/ha, é a maior dos últimos 13 anos na primeira safra, impulsionada principalmente pelos núcleos regionais de Curitiba, Pato Branco e Ponta Grossa. “Este também é o primeiro ano em que não registramos perdas, e a safra está 4% acima do potencial”, diz o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador. O índice de comercialização está em 68% e, segundo ele, o volume restante corresponde ao feijão-preto, que os produtores devem negociar futuramente, conforme os preços.
FEIJÃO SEGUNDA SAFRA – O feijão da segunda safra tem 72% da área de 223,3 mil hectares plantada. No mesmo período do ano passado, o índice era de 81%. Essa velocidade reduzida pode ser explicada pelas chuvas e pelo atraso na colheita da soja. As lavouras estão 99% em boas condições. Com relação ao mês passado, a área reduziu de 232 mil hectares para 223,3 mil hectares, provavelmente em função do aumento de área do milho. Na comparação com a safra 18/19, esse número é 10% menor, mas a produção deve ser 23% maior, passando de 360,3 mil toneladas para 441,7 mil toneladas.
Com relação aos preços, a saca de 60 kg do feijão-cores foi comercializada por R$ 169,00 na última semana, queda de 9 % em relação ao mês de janeiro, quando os produtores receberam R$185,00. Já o valor do feijão-preto chegou a R$ 127,00 em janeiro e agora está em R$122,00, uma redução de 13% que, no entanto, está dentro da normalidade para o período, considerando a redução natural do consumo no verão.
TRIGO – A comercialização da safra 18/19 ficou em 94%, valor um pouco acima da média, reflexo de que há pouco produto disponível no mercado, já que o Paraná teve quebra nas três últimas safras.
O relatório sinaliza uma área de um milhão de hectares e produção de 2,1 milhões de toneladas, queda de 24% com relação à safra 17/18. “Mesmo com os bons preços, a tendência é que o Paraná plante um valor semelhante ao da safra anterior”, diz o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho. A primeira estimativa de área para esta safra será divulgada em março.
A portaria nº 372/19, publicada no final do ano passado pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, redefiniu o limite para início do plantio de trigo. Alguns municípios do Norte, Noroeste e Sudoeste, por exemplo, podiam começar a plantar em 21 de março. Agora, o plantio está permitido a partir de 1º de abril. A mudança considera condições de clima e balanço hídrico nos municípios produtores.
MANDIOCA – A safra 18/19 somou 136,4 mil hectares e uma produção de 3,1 milhões de toneladas. Já a nova safra tem 10% da área de 140 mil hectares colhida, e a produção pode ter um aumento de 7% com relação à safra passada, somando 3,3 milhões de toneladas.
O clima está favorável para a colheita, sem muitas chuvas, mas os preços tiveram queda de 2% na comparação com o ano passado, quando, nessa mesma época, a tonelada foi comercializada por R$ 373,00. Agora, o valor recebido pelo produtor é de R$ 368,00. “Este ainda é um período de pouca comercialização, pois as indústrias estão demandando pouca fécula”, explica o economista do Deral, Methodio Groxko.
Fonte: AEN
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