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sábado, 16 de maio de 2015

Campanha de Richa recebeu R$ 2 mi de corrupção na Receita, afirma delator

Em depoimento de delação premiada, auditor fiscal diz que a ordem para arrecadar os valores foi dada pelo parceiro de corridas do governador, em nome do primo distante de Beto



O auditor fiscal Luiz Antônio de Souza disse, em depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Londrina, que a campanha de reeleição do governador Beto Richa (PSDB), no ano passado, recebeu R$ 2 milhões arrecadados com o esquema de corrupção na Receita Estadual investigado pela Operação Publicano. A informação é do advogado do auditor,Eduardo Duarte Ferreira, e foi confirmada à reportagem por fontes do Ministério Público Estadual (MP), instituição à qual o Gaeco é vinculado. O depoimento de Souza foi prestado após ele fechar um acordo de delação premiada com o MP para ter redução de sua pena.

Segundo o depoimento, além de Richa, dois candidatos a deputado estadual e um a deputado federal teriam sido beneficiados pelo esquema, que consistia em receber propina de empresas para fazer vistas grossas na sonegação de impostos.

Parceiro e parente

Em entrevista à reportagem, o advogado Eduardo Duarte Ferreira afirmou que o auditor relatou que a ordem para levantar dinheiro para a campanha de Richa teria vindo de Márcio de Albuquerque Lima, que no ano passado foi nomeado inspetor-geral de fiscalização da Receita Estadual e que era parceiro do governador em corridas de automobilismo.

No depoimento, disse Ferreira, o auditor afirmou ainda que, em fevereiro do ano passado, foi chamado por Lima para uma reunião. Nesse encontro, teria ficado estabelecida uma meta de arrecadar em torno de R$ 2 milhões para a reeleição de Richa, dinheiro que seria enviado para um suposto caixa 2 da campanha do tucano. A “meta” teria sido cumprida com três empresas que, assim como as demais achacadas pelos auditores fiscais, tinham dívidas tributárias com o estado. Uma das empresas seria de Arapongas.

Segundo o advogado, seu cliente relatou que Lima falava em nome de Luiz Abi Antoun, primo distante do governador. Seria Luiz Abi o responsável pela indicação de Lima, primeiro para delegado da Receita Estadual em Londrina e depois para inspetor-geral de fiscalização. “Segundo o relato, ele [Abi] indicou o Márcio Lima e houve uma briga fortíssima de bastidores para a indicação”, declarou o advogado Ferreira.

Divisórias

Segundo Ferreira, o auditor Luiz Antônio de Souza também teria pago, do próprio bolso, a compra de divisórias para o comitê de reeleição de Richa em frente do Terminal Urbano, no centro de Londrina. A aquisição teria custado R$ 20 mil e a nota fiscal teria sido feita em nome de Souza – o documento não foi entregue ao MP até agora.

PSDB nega acusação; governo e citados não se pronunciam

O governo do Paraná não quis comentar as declarações da delação premiada do auditor Luiz Antônio de Souza. O PSDB emitiu nota: “O PSDB-PR refuta de forma veemente as declarações do Sr. Luiz Antônio de Souza. Informa ainda que o Sr. Luiz Abi Antoun nunca tratou de arrecadação para a campanha eleitoral. Essa tarefa foi de responsabilidade do Comitê Financeiro, do qual o Sr. Luiz Abi Antoun nunca fez parte. O partido ressalta ainda que todas as doações recebidas pelo partido na campanha eleitoral de 2014 ocorreram dentro da legalidade, sendo registradas e atestadas pelo Comitê Financeiro. As contas foram apresentadas e aprovadas integralmente pela Justiça Eleitoral”. O advogado Douglas Bonaldi Maranhão, que representa Márcio de Albuquerque Lima, disse que não tomou conhecimento das acusações e que não poderia se manifestar. Antônio Carlos Coelho Mendes, advogado de Luiz Abi, também disse não iria se manifestar.

Fonte: Centra Cultura com Gazeta do Povo
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