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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Adelir Capoani foi um “Anjo da Guarda” ao encontrar mulher acidentada numa mata









O agricultor Adelir Capoani, da comunidade de Anjo da Guarda, em Renascença, foi uma espécie de Anjo da Guarda da empresária beltronense Zelinda Geremia, 59 anos, que sofreu um acidente numa reta da PR 280 - 300 metros antes da entrada para o distrito de Canela. Zelinda estava se deslocando de Beltrão para Pato Branco, segunda-feira, 20, de tarde, com o seu automóvel e sofreu um acidente. Ela ficou com um pé preso ao carro e não conseguia se soltar. Ficou dois dias dentro do carro, caído em uma pequena mata localizada entre a rodovia e uma lavoura.
Adelir só encontrou a empresária porque terça-feira resolveu mudar as atividades do dia - só ia passar por aquela área segunda-feira, 27. A história chamou a atenção da RPC/TV e Rede Globo. Entre quarta e quinta-feira foi veiculada pelo menos cinco vezes a reportagem com o produtor rural e a situação da mulher - Jornal Estadual (1ª e 2ª edições), Jornal da Globo, Bom Dia Brasil, Globo News e Jornal Hoje.
Ao JdeB, Adelir contou detalhes de sua boa ação. Fora da entrevista gravada, ele adiantou que espera a recuperação de dona Zelinda para poder visitá-la em Beltrão.
Ontem, a Coasul - Cooperativa Agroindustrial - realizou um dia de campo numa das áreas do sítio de seu Adelir e as pessoas, que ficaram sabendo do fato, curiosas, vinham perguntar mais detalhes para o produtor rural.

Como que o senhor chegou naquele lugar e encontrou a mulher?
Adelir - Olha, eu cheguei neste lugar porque eu entrei pra fazer a aplicação de produto e esse carro tava um lugar muito escondido, porque a primeira vez que eu passei perto (do local) eu não localizei, não enxerguei nada. Depois que eu subi no alto (da área de lavoura), lá do alto, que eu tava mais longe, que eu consegui enxergar lá de cima. Eu vi um negócio branco, mas não sabia o que poderia ser. E daí vim descendo, fazendo aplicação e pensei: a hora que eu chegar lá perto eu vou ver o que é, e vim descendo, quando cheguei perto com o trator, que não enxergava nada, daí andei dez metros, daí vi, consegui localizar um pneu do carro no meio da capoeira, que tava mais alto, daí vi que era um carro. Vi os galhos de árvore que tinha quebrado, eu percebi que no mínimo uns três a cinco dias que tava esse carro por ali.

E quando o senhor chegou e viu a mulher, como foi este momento?
Adelir - Olha, eu cheguei lá e não me deu coragem de fazer nada. Sai de lá, embarquei no trator e peguei uns amigos meus que tavam aqui no campo e disse: liguem pra polícia rápido que tem um carro há dias caído e tem alguém dentro e, então, chegamos lá e essa senhora tava viva ainda.

O senhor chegou a conversar com ela no retorno?
Adelir - Sim, nós conversamos com ela, pedimos de onde ela era, ela disse que era de Beltrão, que tava indo pra Pato Branco e que tava com muita sede, pedia água. Eu falei pro pessoal: não podemos dar água pra ela, vamos esperar o pessoal chegar aí, que entende, pra dar água pra ela.

JdeB - E a ambulância chegou depois de quanto tempo?
Adelir - Ah, demorou praticamente uma hora pra chegar ali.

Mais ou menos que horas que o senhor encontrou e depois voltou ali?
Adelir Capoani - Eu encontrei era umas nove e meia, por aí, e até pra tirar ela foi pelas 11 horas.

E o que impressionou o senhor ver uma pessoa acidentada há dois dias, ter esse contato com a pessoa?
Adelir - Eu fiquei muito preocupado porque, pelo estado que ela tava, machucada, mal ajeitada dentro do carro, aguentar esses dias, com o sol que deu, dentro de um veículo, olha, não é coisinha pra aguentar. Eu acho que essa mulher foi uma grande heroína pra aguentar esse sol, que é muito quente, que a gente fechado dentro de um carro não aguenta meia hora.

E o carro estava bastante avariado, as vidraças quebradas?
Adelir - Olha, tinha umas entradinha de ar, mas não era muita coisa. Daí, quando nós chegamos, tentamos abrir pra entrar mais ar pra ela. Mas ainda que ela ficou na parte de trás do carro, que tinha uma arvorezinha por cima, que fazia sombra na hora do sol, e o carro dela tinha vidro escuro, que isso ajuda muito contra o sol.

Ela estava consciente?
Adelir - Sim, ela tava consciente, mas ela tava fraca, conversava baixinho e também a gente não forçava ela, não pedia muita coisa porque a gente via que ela tava fraca. Ela tava presa com um pé e não conseguia sair.

Ela estava com o cinto de segurança?
Adelir - Com o cinto de segurança não tava, porque ela veio parar na parte de trás do veículo, e foi a sorte, porque se ela fica lá na frente aí ela não ia sobreviver.

O senhor tinha que ir naquele lugar e naquele dia?
Adelir - Não, não era pra mim ir. Essa aplicação era pra mim fazer segunda-feira. Mas como tinha esse dia de campo aqui hoje (evento técnico de uma cooperativa na propriedade dele realizado ontem) e eu tinha outros compromissos e colher soja, então tinha previsão de chuva também, eu disse: eu vou antecipar esse serviço, essa aplicação, vou fazer hoje de manhã, que daí tá fora. E foi a sorte dela, de eu antecipar esses três a quatro dias de serviço.

E a curiosidade das pessoas que vêm conversar com o senhor?
Adelir - Ah, sim, todo mundo tá vindo pedir, tá todo mundo curioso, querem saber como que foi, como que não foi. A gente se sente com orgulho salvar uma vida, que se eu não entro ali, ninguém ia conseguir enxergar esse veículo lá embaixo. 

Zelinda Geremia continua em coma induzido
A empresária Zelinda Geremia, 59, do Cantinho das Noivas, continua internada no Hospital São Lucas, em Pato Branco, em coma induzido. Ela foi encontrada consciente, mas desidratada, após passar dois dias presa às ferragens de seu carro, nas margens da PR-280, em Renascença, na manhã de quarta-feira.
Sandro Baseggio, seu filho, comenta que os médicos optaram pelo coma induzido por causa da dificuldade de respiração e, por este motivo, ele ainda não conseguiu conversar com a mãe, mas já pôde visitá-la no CTI (Centro de Terapia Intensiva).
Sandro tem 23 anos e reside em Curitiba, onde trabalha com informática. Na terça-feira, ele veio para a região em busca de notícias de sua mãe, mas ainda não sabe como aconteceu o acidente.
Segundo ele, Zelinda sofreu fraturas nas costelas do lado esquerdo e não há previsão de alta, porque é preciso aguardar os resultados de alguns exames. 
Fonte: Flávio Pedron (Jornal de Beltrão)
Fotos: Flávio Pedron e Ivânia Bonatto
Fonte:  https://www.facebook.com/radiovozdo.sudoeste?ref=stream

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