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terça-feira, 18 de abril de 2017

DE JOGADOR À APOIADOR: ALVARO GÁS E SUAS HISTÓRIAS PARA CONTAR



O mundo do esporte guarda muitas memórias, ainda mais àquelas que formam personagens principais do futebol-arte. É o caso do Alvaro Monteiro de Mato de Ubaíra-BA, que jogou a bola para escanteio no auge da carreira e, escolheu a terra dos campos gerais para empreender e viver a vida pós futebol. Em Guarapuava, conhecido como “Alvaro gás”, poucos sabem da verdadeira história do jogador que brilhou na era Pelé.

Hoje, com 70 anos e dono de uma vida tranquila, conta que começou sua vida esportiva muito cedo, no juvenil do Vasco em 1965. Por lá ficou cinco anos, tendo como companheiro de equipe Joel Santana; “Antigamente você ia para o profissional depois que completava vinte anos. Mas, com dezoito, já treinava com os profissionais e jogava no Maracanã”, relata.

O futebol sempre foi paixão nacional, e nas décadas de 60/70 os estádios lotavam. O clássico da vez era Vascoda Gama versus Flamengo pelo campeonato carioca. Com mais de 50 mil torcedores no Maracanã, Alvaro que era zagueiro titular deixou seu registro marcado com um gol de pênalti. Nesse dia, ocorreu uma das maiores goleadas da história sofrida pelo Flamengo contra rivais, que perdeu de quatro a zero.

Em 1969 foi emprestado como reforço para o antigo Grêmio Oeste de Guarapuava, jogando ao lado de Garrincha. A equipe participou de grandes campeonatos na época, como o paranaense da primeira divisão. Já na década de 70, estava acertado com o Coritiba e o Paysandu queria seu passe – que possibilitaria a Alvaro de ter melhores condições financeiras. Mas quem teve a felicidade de fechar com o jogador foi o Colorado – atual Paraná Clube; “Antigamente o passe era preso, não se podia escolher onde jogar. Hoje é feito contrato com passe livre”, conta.

O JOGO DA SUA VIDA

Graças ao futebol ou ao próprio destino, o jogador conheceu a mãe de seus filhos em Guarapuava e são casados até hoje “Uma companheira para toda a vida”, descreve. Mas como no futebol não existe lugar fixo, viajou o Brasil e o mundo com a bola nos pés. Em 1973, ainda quando estava no Colorado, foi emprestado para o Comercial de Campo Grande para disputar o campeonato brasileiro. Sua habilidade em campo, fez com que disputasse a bola de ouro pela revista placar. Porém, pouco tempo antes do término do campeonato, se afastou para casar, ficando um mês longe dos gramados. Infelizmente acabou perdendo a bola de ouro e a posição na revista, mas, não a do time. No último jogo do campeonato os dirigentes queriam Alvaro pela última vez, já que estava retornando para Curitiba. Esse jogo foi contra o Vasco – antigo clube. Digna de uma atuação brilhante, conta que um dos momentos mais emocionantes da carreira foi jogar contra o time que iniciou a sua vida no esporte; “é diferente você começar num time e depois jogar contra ele”, diz o ex jogador.

Num jogo contra o Santos, ainda vestindo a camisa do Comercial de Campo Grande, Alvaro teve o prazer de marcar o Rei do Futebol. E quem disse que é fácil passar pelo zagueiro? Nem Pelé. O Santos perdeu por um a zero na capital mato-grossense. “A diretoria ficou tão feliz que pagou uma gratificação aos jogadores. Foi uma época que marcou, porque não é todo mundo que teve a oportunidade de jogar contra o Pelé”, lembra.



NOVA ERA

Em uma excursão para África em 1976, a equipe do Colorado ficou mais de um mês fora das terras brasileiras. Era uma época que o clube estava passando por dificuldades financeiras que os salários chegaram a atrasar por três meses. Alvaro não queria embarcar sem ter o dinheiro devido o nascimento de sua filha, os dirigentes prometeram o depósito na conta, porém o trato não foi cumprido nas datas estipuladas. “Terminei parando de jogar futebol por falta de pagamento”, disse.

Com 27 anos veio trabalhar em Guarapuava em uma loja de eletrodoméstico a qual pertencia ao seu sogro. Como carregava consigo o espírito empreendedor, resolveu abrir uma revenda de gás. Foi então que iniciou os trabalhos na rua XV de novembro – ao lado do antigo Komilão. Mas um incêndio que causou numa distribuidora da Saldanha Marinho, fez com que a prefeitura exigisse a saída da loja de Alvaro do centro da cidade, indo para o bairro do Aeroporto.

Apesar da saída repentina do futebol, o ex jogador não se arrepende de ter parado. Atualmente, além da distribuidora de gás, possui uma empresa de aquecedores. “Devido ter sentido muito frio, procurei aquecer a vida dos Guarapuavanos”, diz o empresário.

DESPORTISTA

A experiência com o futsal também o fez jogar para a seleção de Guarapuava, disputando torneios contra times de grande parte do Paraná. No futebol, era zagueiro entroncado, difícil de não pegar uma bola. No futsal, suas habilidades foram para a ala direita e esquerda, por conta de seus bons passes e visão de jogo.

Na década de oitenta, já com 44 anos e afastado há um bom tempo dos gramados, jogou pelo Madeirit no amador do campeonato guarapuavano. Logo depois, fez um belo campeonato pelo Batel que por consequência veio torná-lo treinador, montando um time profissional com jogadores de todo o Brasil. Nos três anos que ficou sob comando da equipe, deu grandes alegrias para Guarapuava, no momento em que subiu para a primeira divisão e brigou pelo título do paranaense. Por conta dos compromissos que um time demanda, como viagens e dedicação total, deixando muitas vezes a própria família de lado, Alvaro resolveu abandonar de vez a bola dentro e fora do campo para se dedicar exclusivamente a suas empresas.

O empresário ainda mantém contatos com alguns ex atletas. “Todo mês há um jantar em Curitiba com os jogadores do passado. Sempre quando posso, eu vou”, relata. Em 2011, esteve com Joel Santana – com quem jogou no Vasco -,“na hora do autógrafo, falei que para meu neto, ele (Joel) era meu reserva”, conta aos risos.

Por ter jogado em vários clubes, Alvaro sabe da dificuldade financeira das pessoas que trabalham para manter uma equipe eficaz e competitiva. Hoje o empresário continua assistindo o futebol pela televisão e pelos estádios Brasil a fora, mas também prestigia e apoia o esporte guarapuavano. “Eu acho importante uma contribuição da gente para divulgar o esporte na cidade onde você vive e trabalha”, diz.

Alvaro Gás é um dos patrocinadores/apoiadores do Clube Atlético Deportivo “CAD”, que vem trazendo alegrias para a torcida e levando o nome de Guarapuava para o Brasil inteiro, nas grandes competições disputadas.

Texto: Priscila Pollon

ASSESSORIA CAD/ FOTO ARQUIVO PESSOAL.

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