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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Paraná inicia colheita de safra recorde de grãos de verão


O Paraná iniciou a colheita de uma safra recorde de grãos de verão, alavancada pelo desempenho das lavouras de soja, milho e feijão. A Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento prevê que sejam colhidas 23,3 milhões de toneladas nesta safra 2016/17 - volume 15% acima do mesmo período do ano passado, quando a colheita de verão rendeu um volume de 20,2 milhões de toneladas. 

“Apesar da economia desorganizada e o sentimento de desalento, o produtor investiu muito em tecnologia, porque tem a convicção do seu negócio, da sua atividade, que é a agricultura e a pecuária”, afirma o secretário Norberto Ortigara. “Com condições melhores de clima, o resultado é extremamente positivo, com expectativa de safra recorde”, diz. 

Segundo ele, com o avanço e consolidação da colheita, a produtividade das lavouras pode melhorar ainda mais. “Se houver bom clima durante o andamento das três safras cultivadas no Paraná, poderemos atingir o volume de 40 milhões de toneladas de grãos em 2017, o que será outra marca recorde”, disse Ortigara. 

ATUAÇÃO DO ESTADO - O secretário reiterou que esta pode ser a melhor safra dos últimos anos e atribuiu também ao conjunto de ações que vem sendo executadas pelo Estado, particularmente pela Secretaria da Agricultura e Abastecimento e empresas vinculadas. 

Ele citou como exemplo o programa de manejo integrado de solos e água, plantio direto com qualidade, capacitação técnica de produtores e técnicos, que proporciona um aprendizado do processo de inovação e modernização com a introdução de novas técnicas e o uso de novas máquinas. “São ações que alavancam o aumento da produtividade e facilitam o avanço do Paraná para a prática de uma agricultura de precisão no médio e longo prazo”, complementou. 

Para o diretor do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Francisco Carlos Simioni, a safra paranaense chega em um bom momento e contribui para o Brasil alcançar o volume de produção de 215 milhões de toneladas, que está sendo esperado. 

O Paraná, de acordo com Simioni, oferece ao mercado nacional e internacional produtos de qualidade e com preços competitivos. Por isso pode ser beneficiado pelo “efeito Trump” no mercado mundial, cujo impacto poderá favorecer o agronegócio do Brasil e da América Latina. “Dependendo da habilidade de negociação das nossas lideranças, teremos oportunidades para a conquista de novos mercados, o que trará mais renda para os produtores rurais e para a movimentação da economia como um todo”, afirmou. 

SOJA - A produção de soja deverá atingir volume recorde de 18,3 milhões, apontou levantamento do Deral, referente ao mês de janeiro deste ano. Se essa expectativa se confirmar a safra será 11% maior do que no ano passado, quando o volume colhido atingiu 16,5 milhões de toneladas. 

De acordo com o economista Marcelo Garrido, chefe da Conjuntura Agropecuária do Deral, a lavoura foi favorecida pelo clima bom, durante quase todo o ciclo de desenvolvimento da lavoura, e investimento do produtor em tecnologia. A colheita começou de forma um pouco lenta, porque o plantio no ano passado atrasou em função do clima frio na época. Mas a partir da próxima semana, a tendência é de aceleração e muitas máquinas estarão em campo para a colheita em praticamente todo o Estado. 

“O avanço da colheita poderá revelar também uma produtividade acima da média estimada pelo Deral”, adiantou Garrido. Atualmente a produtividade prevista é de 3.497 kh/ha, 12% superior a do ano passado. 

Até agora, cerca de 14% da produção a ser colhida já foi vendida, ritmo mais lento que no ano passado, quando nessa mesma época 34% da safra já estava vendida. Segundo Garrido, o produtor está capitalizado e não está ansioso por vender antecipadamente. “Ele acredita que o preço ainda pode melhorar”, disse. 

PREÇO - Atualmente a saca de soja está sendo vendida em média, por R$ 67,00 no Paraná - 5,64% a menos que no mesmo período do ano passado quando a soja era vendida por R$ 71,00 a saca. 

Garrido alerta o produtor que este ano a conjuntura está diferente, com prenúncio de excesso de oferta e muita especulação com relação a perdas em lavouras de soja na Argentina. 

“Há uma superoferta de soja no mundo, sendo uma safra de 108 milhões de toneladas nos Estados Unidos e 103 milhões de toneladas no Brasil. Na Argentina, fala-se em perda de 5 milhões de toneladas de soja por causa de chuvas, mas isso ainda não foi confirmado”, completou. 

Por outro lado, há o risco de concentração da colheita de soja a partir de fevereiro. Segundo o técnico, com medo de ocorrência de chuvas que podem provocar perdas na colheita, como aconteceu no ano passado, o produtor pode concentrar a colheita na primeira semana do mês de fevereiro, principalmente na região Oeste. Essa antecipação, com muito trabalho em determinado período, é sempre um risco para o produtor, explicou. 

Box 1 

Primeira safra de milho deverá ser 33% maior 

O Paraná planta todo ano duas safras de milho, a de verão e a segunda safra. A primeira safra de milho, também com bom desempenho, está bem no inicio da colheita, com menos de 1% da área colhida. Foram plantados cerca de 500 mil hectares, área 21% maior que no ano passado e a produção poderá alcançar 4,4 milhões de toneladas, volume 33% maior que no ano passado. 

A segunda safra de milho, que já está em 4% plantada, tem a expectativa de atingir uma área recorde, com 2,3 milhões de hectares, e volume de produção também recorde, de 13,5 milhões de toneladas. É esperado que a colheita da primeira safra se acelere nas próximas semanas, cujo ciclo também sofreu atraso no plantio por causa do clima frio, exatamente como aconteceu com a soja, explicou Edmar Gervásio, do Deral. 

A comercialização está fraca este ano, com preços menores, abaixo do que o produtor esperava. Segundo o Deral, a saca de milho está sendo comercializada, em média, por R$ 26,00, que corresponde a uma queda de 13,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a saca de milho era vendida por R$ 30,00. 

Segundo Gervásio, com a perspectiva de chegar muito milho no mercado a tendência dos preços é caírem ainda mais com o avanço da colheita. “O produtor está com expectativa de obter um preço melhor, mas por enquanto a tendência não aponta para isso”, alertou. O técnico lembra que deverá haver safra cheia em todo País, este ano, que vai levar a uma recomposição dos estoques de milho, de 20 milhões de toneladas no Brasil, dos quais três milhões de toneladas no Paraná. 

Além disso, a expectativa é de recuperação e normalização no abastecimento e na oferta de milho, o que deverá pressionar ainda mais os preços em torno do preço mínimo do grão que é de R$ 19,21 a saca/60 kg. 

Box 2 

Safra de feijão está boa no Paraná e no Brasil 

Como os demais grãos, a safra de feijão também está boa no Paraná e em todo o País. Com oferta maior no mercado e colheita acelerada nos estados produtores de Goiás e Minas Gerais, os preços do feijão já estão caindo no mercado. Se no ano passado, a vez foi do produtor de feijão, cujos preços atingiu o pico de R$ 378,13 a saca para o feijão de cor no mês de junho, agora chega a vez do consumidor que já está comprando feijão mais barato no mercado, disse o economista do Deral, Methódio Groxco. 

A primeira safra de feijão foi plantada numa área de 198 mil hectares. Cerca de 74% da área já está colhida, apontando para uma produção de 350 mil toneladas, que corresponde a um aumento de 19% em relação ao volume colhido no ano passado. Segundo Groxco, cerca de 80% das lavouras de feijão estão em boas condições e o feijão que está sendo colhido é de boa qualidade. 

A segunda safra de feijão, já está com 24% da área prevista plantada. Deverá ser plantado um total de 218,4 mil hectares - 7% acima do plantio realizado no ano passado. A produção esperada para a segunda safra aponta para 405,5 mil toneladas, volume 36% maior que em igual período do ano passado. 

No Brasil, o cenário também é de super oferta. O volume de feijão no País deverá atingir 3,5 milhões de toneladas para um consumo aproximado de 3,2 milhões de toneladas. O preço do feijão de cor já caiu 38%. Em janeiro do ano passado, a saca de 60/kg do feijão de cor era vendida por R$ 172,00 e este ano, no mesmo mês, está sendo vendida por R$ 107,00. 

Já o feijão preto, ao contrário do de cor, subiu de preço. No ano passado era vendido por R$ 134,00 a saca e este ano, a R$ 151,00 a saca, um aumento d e 12,68%. Groxco alertou, no entanto, para uma mudança nesse cenário, onde os preços estão em queda por causa do baixo consumo de feijão nessa época de férias escolares. Ele acredita que com o reinício das aulas, deverá haver aumento no consumo de feijão novamente.

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