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quinta-feira, 21 de maio de 2015

Bisavó pilota moto e vence preconceito em Guarapuava

Mara Santos, de 65 anos, mora em Guarapuava, no interior do Paraná.
Além de moto, costureira tem permissão para dirigir carros e caminhões.

                                Matéria e fotos: Alana Fonseca DO G1 PR, em Guarapuava

Aos 65 anos, além dos cinco filhos, seis netos e dois bisnetos, Mara Santos tem outra paixão: uma moto de 125 cilindradas. Ela acredita que parte do sentimento se de deve ao preconceito que enfrentou para conseguir, já idosa, a habilitação na categoria A. “Na autoescola, o instrutor sugeriu que eu andasse de bicicleta em vez de pilotar moto. Fiquei mal, cheguei a desistir, mas consegui vencer o preconceito”, diz.

Hoje, além da permissão para pilotar motos, a costureira de Guarapuava, na região central do Paraná, também tem autorização para dirigir caminhões e carros. Entretanto, o veículo de duas rodas ainda é o preferido. “Andar de moto me dá uma sensação de liberdade, de independência”, explica. De acordo com ela, o próximo passo é trocar o veículo atual, por um mais potente, de 300 cilindradas, para poder se "aventurar mais por aí".

"Nem um alfinete emprestado"
Mara aprendeu a costurar quando ainda era criança. De lá para cá, apesar de ter tido outros empregos, a costura nunca foi deixada totalmente de lado. Divorciada, ela conta que sustentou os filhos, a maior parte do tempo, apenas com a renda obtida como costureira.


(Foto: Alana Fonseca/G1)

Preconceito 
Então, após inúmeros tombos, mas um pouco mais confiante, ela se matriculou em uma autoescola.

“Na primeira aula, o instrutor fez uma cara de espanto, nem disfarçou. Acho que ele esperava uma mocinha”, lembra.

A costureira conta que, a partir daí, teve que enfrentar muitas provocações. “Ele me perguntava por que eu queria aprender a andar de moto depois de velha”, relata.

Aos poucos, Mara foi perdendo a vontade de ir às aulas. “A motivação é importante quando vamos aprender algo. Eu sentia falta de incentivo”, afirma.

Sem ânimo, ela abandonou o aprendizado. “Vendi a moto para o ex-marido da minha filha e parei de ir à autoescola”, conta.

Mas, os dias passaram, e a costureira decidiu que se esforçaria para comprar outra moto e que, desta vez, ninguém mais a faria desistir do seu sonho antigo.

Superação
O instrutor foi demitido após Mara contar todas as provocações que ouviu dele. Finalmente, ela voltou para as aulas e o sonho de ter a habilitação na categoria A estava mais próximo do que nunca. Uma moto nova também, de 125 cilindradas, foi comprada.


                                                 (Foto: Alana Fonseca/G1)


Inseparáveis
Mara e a moto são inseparáveis. Durante a semana, ela vai e volta do trabalho de moto. Um dos netos vai de carona todos os dias. Mara também entrega os trabalhos que faz na casa das clientes usando o veículo, que carrega uma cestinha especial para as costuras prontas.

Mas é, na verdade, no fim de semana que a costureira se diverte mais com a sua moto. “No dia a dia, é uma correria só. Quando tenho folga, gosto de andar mais devagar, de aproveitar as paisagens”, revela. Ela também adora ir ao ginásio assistir a jogos de futsal e conta que já foi até Curitiba, a quase 360 quilômetros de Guarapuava, dirigindo. "Só me arrependo de não ter começado a pilotar antes", conclui.

Amor compartilhado
“Eu acho lindo o amor que ela sente pelo veículo. Antes, eu detestava motos. Quando a minha mãe comprou uma, fez com que eu e meu ex-marido aprendêssemos a pilotar. Hoje, cada um tem a sua e, para ele, faz parte do trabalho. Além de todos os exemplos que a minha mãe me deu, tem mais o de ser apaixonada por motos. Amo a minha, assim como ela ama a dela”, conta a filha Juliana do Rocio, de 35 anos.
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